Um vídeo feito na área da fábrica anexa ao almoxarifado, que ficou destruído, mostra alagamento após o incêndio. Nas imagens, é possível ver o maquinário, embalagens, caixas e o chão com muita água.

O sistema de incêndio foi acionado e o resfriamento da área foi feito por brigadistas que também atuaram no solo. A EMS disse ao G1 que o alagamento se deve exclusivamente às ações de combate ao fogo.

Leonardo Henrique dos Reis é operador de máquinas e diz que a destruição no almoxarifado foi geral. Ele faz parte da equipe de brigadistas e ajudou no combate ao incêndio.

“Ficou feio, carbonizou tudo. O barracão do almoxarifado inteiro. Agora, as portas corta-fogo seguraram o fogo e graças a Deus não passou para o outro lado. […] Foi difícil ficar segurando o hidrante com um monte de gente e vendo a empresa que você trabalha pegar fogo. É triste demais”.

No local funciona 30% da produção da EMS, que ainda não foi retomada nesta segunda-feira. O espaço é vizinho ao almoxarifado, que ficou destruído no incêndio, e separado por uma porta corta-fogo.

Os demais 70% da produção funcionam em outro prédio e as atividades serão retomadas nesta segunda. Em dois dias de produção parada, cerca de 4 milhões de unidades de medicamentos deixaram de ser produzidas.

Uma vistoria da Defesa Civil e do corpo técnico da EMS está programada para essa segunda, mas depende do término do rescaldo para acontecer. Ainda não foi possível avaliar o quanto a indústria foi, de fato, afetada.

Segundo a empresa, todos os funcionários foram orientados a voltar ao trabalho, e há movimentação na entrada da EMS. Os que ficavam nas áreas atingidas de alguma maneira pelo incêndio vão ajudar na produção de medicamentos sólidos, como comprimidos e cápsulas, e na limpeza.

Em relação ao estoque de remédios e produtos, a EMS esclareceu que ele fica em Jaguariúna (SP) e que há volume para dois meses de abastecimento, dependendo da medicação.

A planta de Hortolândia é a maior do Brasil, segundo a companhia. Por mês, 65 milhões de unidades são produzidas, entre medicamentos líquidos, semissólidos e sólidos, além de embalagens. Dos 65 mil m² de construção, 15 mil m² foram atingidos pelo fogo.

Doze casas precisaram ser evacuadas no sábado e os moradores ainda não puderam retornar por conta da fumaça e também porque a limpeza nas residências será feita pela EMS, conforme a empresa garantiu.

O fogo chegou muito perto das casas e apavorou os moradores. Ainda no sábado foi afastado o risco de incêndio nos imóveis.

Neste domingo, um casal decidiu começar a limpeza e cuidar das plantas.

“Meu Deus do céu, precisou tirar os cachorrinhos, colocar os passarinhos pra dentro, porque não pode carregar, né. ‘Tava’ ruim. Nossa Senhora. Estava péssimo”, conta Virgínia Gomes, dona de casa.

No quintal e dentro das casas ainda há muita fuligem. A preocupação dos moradores é com a saúde. O vendedor Bruno Martinez tratou de tirar o filho de 3 anos e a esposa de casa quando o fogo começou.

“A maior preocupação foi essa, em pegar eles e sair o mais rápido de casa, porque eu não sabia o que poderia estar queimando, vindo pra cá”, conta.

O diretor de operações da EMS, Rogério Almeida, disse à reportagem da EPTV, afiliada da TV Globo, que toda fumaça é tóxica, e que no caso da EMS a fumaça foi composta principalmente por papelão e matérias-primas usadas na fabricação de medicamentos.

Segundo ele, não seria uma fumaça mais tóxica do que a de outros incêndios.

O G1 e a EPTV pediram um posicionamento da Cetesb, a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo, sobre uma avaliação do ar no local, mas ainda não teve retorno.

O fogo começou às 11h30, quando havia 400 funcionários na empresa e acontecia também uma festa em comemoração ao Dia das Crianças. Na área do almoxarifado, que ficou destruída, havia 80 colaboradores. Ninguém ficou ferido e ninguém ficou intoxicado com a fumaça, segundo o diretor da empresa.

“A nossa brigada agiu imediatamente. Em 6 minutos nós tinhamos evacuado todos os colaboradores”, afirma Almeida.

Leonardo Henrique dos Reis é operador de máquinas na empresa estava almoçando quando o fogo começou.

“Saí do restaurante e já vi uma aglomeração de gente correndo. O pessoal do almoxarifado também estava junto, gritou fogo. […] Não pode ter desespero, porque pode ter risco de acidentes”, conta.

Além dos bombeiros de cidades da região, brigadistas de outras empresas, como Bosch, Sherwin Williams, Villares Metals, Pirelli e Replan também foram para o local. Os prejuízos ainda não foram calculados.