Lenacapavir: O Avanço na Prevenção ao HIV e os Desafios do Acesso no Brasil

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O lenacapavir, um medicamento injetável administrado a cada seis meses como profilaxia contra o HIV, foi reconhecido como o avanço científico de 2024 pela renomada revista Science. Esse fármaco representa um marco na prevenção do vírus causador da AIDS, oferecendo uma taxa de eficácia próxima de 100%. No entanto, o Brasil e outros países de renda média enfrentam barreiras significativas para garantir o acesso à medicação. Neste artigo, exploramos os benefícios do lenacapavir, seu mecanismo de ação, os resultados promissores dos estudos clínicos e os desafios para sua distribuição no Brasil.

O Que É o Lenacapavir?

O lenacapavir é uma evolução dentro da Profilaxia Pré-Exposição (PrEP), uma estratégia de prevenção do HIV que consiste na administração de medicamentos a indivíduos não infectados para impedir a infecção pelo vírus. Diferente dos comprimidos diários usados atualmente, o lenacapavir é aplicado por via subcutânea, liberando o medicamento de forma lenta no organismo ao longo de seis meses.

O mecanismo de ação do lenacapavir é inovador: ele inibe o capsídeo, uma estrutura proteica essencial para o HIV infectar novas células. Ao bloquear essa função, o medicamento impede a replicação viral e protege o sistema imunológico do paciente.

Resultados Promissores nos Estudos Clínicos

Dois estudos principais destacaram a eficácia do lenacapavir:

  1. Purpose-1: Realizado com 5.300 mulheres cisgênero de 16 a 25 anos na África do Sul e em Uganda, este estudo revelou que nenhuma das voluntárias que recebeu o lenacapavir foi infectada pelo HIV, enquanto 55 mulheres que usaram a PrEP oral contraíram o vírus.
  2. Purpose-2: Envolvendo 3.267 voluntários, incluindo homens cisgênero e transgênero, mulheres trans e indivíduos não binários, a pesquisa demonstrou uma redução de 96% no risco de infecção entre aqueles que utilizaram o lenacapavir.

Os resultados foram celebrados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (UNAIDS), que destacaram o potencial do lenacapavir em acelerar os esforços para erradicar a pandemia do HIV.

hiv lenacapavir

O Desafio do Acesso ao Lenacapavir no Brasil

Apesar do avanço científico, o acesso ao lenacapavir enfrenta desafios financeiros e políticos, especialmente em países de renda média como o Brasil. A farmacêutica Gilead Sciences, responsável pelo medicamento, firmou acordos para produção de versões genéricas de baixo custo para 120 países de baixa renda. No entanto, o Brasil ficou fora dessa lista, mesmo tendo contribuído com estudos clínicos importantes.

Estima-se que o custo das duas doses anuais do lenacapavir seja entre US$ 25.395 e US$ 44.918 (aproximadamente R$ 153 mil a R$ 271 mil). Esse valor é considerado inviável para o Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo especialistas, o preço poderia ser reduzido para menos de US$ 100 (cerca de R$ 600) por paciente ao ano, caso a produção em massa e compras em larga escala fossem implementadas.

Impacto na Prevenção do HIV no Brasil

O Brasil enfrenta um aumento preocupante nos casos de HIV, especialmente entre populações-chave, como pessoas trans, jovens negros e trabalhadores do sexo. A inclusão do lenacapavir no programa de saúde pública poderia transformar a realidade da prevenção no país, oferecendo uma solução mais acessível e eficiente do que os comprimidos diários.

Perspectivas e Demandas da Comunidade Científica

Instituições como o UNAIDS e a Sociedade Internacional de AIDS têm pressionado a Gilead Sciences para incluir países de renda média nos acordos de licenciamento voluntário. A meta é garantir que o lenacapavir esteja disponível para todas as regiões vulneráveis, independentemente da classificação econômica.

No Brasil, especialistas defendem negociações para redução de preços e ampliação do acesso à PrEP injetável. Além disso, é essencial um planejamento robusto para garantir que as populações mais vulneráveis sejam prioritárias na distribuição do medicamento.

Conclusão

O lenacapavir representa uma revolução na prevenção ao HIV, oferecendo uma alternativa eficaz e conveniente à PrEP oral. No entanto, os desafios de acesso no Brasil ressaltam a necessidade de ações coordenadas entre governo, farmacêuticas e organizações internacionais para garantir que essa inovação alcance quem mais precisa. Com um esforço conjunto, o país pode aproveitar o potencial desse avanço e dar mais um passo na luta contra a AIDS.

 

FONTE:
https://www.bbc.com/portuguese/articles/crmn3ep27l2o

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